Inclusão sentida na ponta dos dedos



Em 08 de abril é comemorado o Dia Nacional do Sistema Braille. A data, oficializada em 2010, é uma homenagem ao dia do nascimento do primeiro professor cego do Brasil, em 1834, José Álvares de Azevedo. Ele é o responsável por trazer o método criado na França e por ter dado mais autonomia aos deficientes visuais.

Desde a sua adaptação do sistema a nossa cultura, bibliotecas, universidades e escolas do país inteiro passaram a adotá-lo, iniciando um processo de inclusão social de cegos e pessoas com baixa visão. Em Pernambuco, a Biblioteca Pública do Estado (BPE), localizada no Centro do Recife, é uma das referências no Estado de obras em braille.

Ao todo, são 4.600 livros em braille, sendo 80 desses transcritos pelo próprio equipamento, e aproximadamente 300 audiobooks (livros em formado de áudio gravados em CDs). A BPE conta com duas impressoras em braille - que transcrevem as obras para pontos em relevo - e com o sistema DOSVOX, um programa de computador que lê o texto da tela do monitor quando selecionado pelo leitor.

Além de todos esses recursos, a Biblioteca Pública do Estado dispõe de dois programas de inclusão para os deficientes: o "Braille Em Casa", que leva livros para os leitores em suas residências por meio de um transporte, e o "Braile Mais Perto de Você", que traz crianças, adolescentes e adultos inscritos na Biblioteca para realizarem atividades dentro do equipamento.

"Ainda fazemos viagens com eles, passeios culturais e várias outras atividades fora da biblioteca", acrescenta Graça Correia professora e coordenadora do ponto de Braille da BPE, há 16 anos. Segundo ela, o equipamento conta com cerca de 100 leitores cegos assíduos. O professor e massoterapeuta Cícero Carlos Siqueira, 42 anos, é um deles

Cícero perdeu a visão aos 17 anos e encontrou no braille uma nova alternativa de comunicação. "O braille me ajudou a redescobrir as coisas. Desde a leitura ao prazer da escrita. No começo foi difícil aceitar a minha condição, mas agora tenho o domínio e a habilidade do sistema". O professor, que também é estudante de pedagogia, acredita que se o sistema fosse ensinado para crianças sem deficiência nos primeiros anos escolares, não haveria tanta discriminação e rejeição por parte da sociedade.

"Porque quando se chega na universidade, nem o professor vai saber tirar as dúvidas de um cego no texto. O braille ainda é inacessível. E não deveria ser assim. Aqui na biblioteca a gente tem várias opções de leitura, mas ainda falta muito para termos todas as obras adaptadas em mãos.”


Os deficientes visuais que têm interesse em participar de programas, eventos e passeios promovidos pela Biblioteca Pública do Estado devem obter mais informações pelo telefone: (81) 3181-2642.

SEE-PE. 

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