Católicos e candomblecistas de Limoeiro se unem para celebrar o Dia de São Jorge e do orixá Ogum


Na noite desta terça-feira (23), no município de Limoeiro, católicos e candomblecistas comemoraram o dia de São Jorge e do orixá Ogum. Imortalizado na lenda em que mata um dragão, o santo ganhou dos cristãos católicos, ortodoxos e anglicanos o título de padroeiro dos soldados e dos cavaleiros. No Candomblé, ele é sincretizado como Ogum, senhor da guerra, do ferro, da agricultura e da tecnologia. Os festejos começaram às 19h, com uma missa ecumênica presidida pelo pároco da Paróquia de São Sebastião, padre Raimundo Araújo, na Igreja de Santa Luzia, na comunidade da Linha, e prosseguiram com uma caminhada promovida por candomblecistas rumo à casa de Maria do Carmo de Souza, na Rua da Alegria.

Padre Raimundo destacou a união entre fiéis de diferentes religiões em uma capela católica. “Nossos irmãos do Candomblé pediram para participar de uma celebração ecumênica pelo Dia de São Jorge e pelo centenário de Dona Maria do Carmo, que era mãe-de-santo e frequentava esta igreja como devota fervorosa de Santa Luzia. Então nós da Paróquia de São Sebastião abrimos as portas para eles e nos unimos em torno do ideal da fé. Foi um gesto muito bonito”, comemorou o sacerdote.



O evento organizado pelos fiéis do Candomblé foi o pontapé inicial das comemorações do centenário de nascimento da mãe-de-santo limoeirense Maria do Carmo de Souza, informou Pai Maciel. “Dona Maria do Carmo, conhecida na ancestralidade como Aiaunilê Maruô, foi uma das candomblecistas mais famosas da região. Ela também respeitava muito o catolicismo. Era devota de dois santos católicos muito conhecidos, Santa Luzia e São Jorge, e do orixá Ogum, patriarca da casa e dono da cabeça dela. É um prazer imenso homenagear uma mulher negra, pobre, sacerdotisa do Candomblé, batalhadora, dona de um Axé imenso e que fez, faz e sempre fará parte da história de Limoeiro”, explicou o pai-de-santo. 

De acordo com Maciel, o ato visa combater os preconceitos contra as religiões de matriz africana e mostrar não apenas a paz que o povo do Candomblé traz consigo, mas também a união das crenças que marcam a diversidade cultural brasileira na busca por uma sociedade mais solidária. “O Candomblé é luz, caminho e fortalecimento na vida de cada um. Através do sincretismo entre Ogum e São Jorge, trazemos uma energia que é singular, no sentido de ser autêntica, e ao mesmo tempo plural, no sentido de abranger duas fés, sendo elas a católica e a candomblecista. Abrimos nossa casa para as pessoas verem como é o Candomblé e, também, para que as religiões se unam em prol do bem comum da humanidade. Quero agradecer à Prefeitura de Limoeiro por apoiar a diversidade cultural e religiosa do nosso município”, pontuou.

Fotos: Vinícius Emanuel/Secretaria Executiva de Imprensa e Comunicação

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